A PRINCESA E O CAVALEIRO | ||
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simplicidade e beleza de colocar em palavras o que nunca antes havia lido
cada bom livro sempre tem a me ensinar. algumas vezes são coisas simples, outras são questões por demais sofisticadas, algumas vezes é sobre mim – embora tudo leve a mim – outras sobre um objeto, uma ação, um estado. mas sempre sempre é sobre a beleza, seja ela triste, seja ela alegre. palavras exatas sobre um passeio de carro foram-me ditas por Thomas Mann em A Montanha Magica: “E celebrou o prazer de andar de carro, quando o corpo se encontra em confortável estado de repouso e todavia é transportado através de um cenário que sempre se modifica.” é apenas uma descrição, mas nunca pensei possível descrever tão agradavelmente bem um simples passeio de carro. palavras sobre do que uma bela música é capaz encontrei com Marcel Proust em No Caminho De Swan: “Num ritmo lento ela o dirigia primeiro para um lado, depois para outro, depois mais adiante, para uma felicidade nobre, precisa e ininteligível. E de repente, no ponto em que ela chegara e de onde ele se preparava para segui-la, depois de uma pausa de um segundo, mudava de direção bruscamente e, com um novo movimento, mais rápido, miúdo, permanente, melancólico e suave, ela o arrastava consigo para perspectivas desconhecidas. Depois, desapareceu. Ele desejou apaixonadamente revê-la uma terceira vez. E ela reapareceu, de fato, mas sem lhe falar mais claramente, causando-lhe mesmo uma volúpia menos profunda. Mas, chegando em casa, teve necessidade dela, era como um homem em cuja vida uma mulher, mal entrevista por um momento, acaba de fazer entrar a imagem de uma beleza nova, que dá à sua sensibilidade um valor maior, sem que ele saiba sequer se poderá rever algum dia aquela que ele já ama e da qual ignora até o nome." e finalmente entendi os compromissos que esquecemos com Dostoievisk em Os Irmaos Karamazovi: “De repente, a imagem de Dimítri apareceu-lhe um instante apenas; lembrou-se vagamente de um negócio urgente, de um dever imperioso a cumprir, mas essa recordação não lhe causou nenhuma impressão, não chegou até seu coração, apagou-se logo de sua memória. Mais tarde, lembrou-se disso muito tempo.” durante muito tempo acreditei ter pouca memória e muitas vezes me senti culpada por esquecer de tantas e tantos eventos/encontros/conversas que sim foram e me são importantes. não tenho memória curta, apenas certas coisas não chegaram até meu coração, importantes ou não elas não chegaram. posted by safiri @Saturday, July 03, 2004
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