bipolaridade

sentadinha em casa, deu-se um estalo.
nunca tratei dessa questão por aqui,
o transtorno bipolar.

sou bipolar pero,
'ques que ser’ isso?

digamos assim,
comparando com a diabetes
é uma doença que se carrega ao
longo de sua vida,
mas tratado e controlado,
você não fica doente,
não está mais doente.
não tratado, piora ano após ano,
o espaço entre uma crise e outra diminui,
e a força de cada uma aumenta.

então, como na diabetes,
descuidado e não tratado
corre-se o risco de um pedaço seu
ser amputado, aqui neste caso,
sua alma é amputada.

(ao longo do tempo explicarei melhor)

sabem, dizem que sou uma guerreira,
e embora não sinta isso
verdadeiramente em mim
é verdade, venci uma batalha,
pois um dia lutei pela vida,
busquei minha alma que,
tão longe esteve,
prendia-se apenas a um fiozinho.

anos e anos, diversos remédios, muitos,
até que se encontre a combinação
e dosagem certa para você.
felizmente hoje os remédios têm
cada vez menos efeitos colaterais,
infelizmente sofri alguns,
infelizmente.

e triste é também levar anos
para conseguirmos o diagnóstico certo,
ou notarmos que há algo de errado,
o que nos faz passar por mais crises
que já poderiam estar controladas,
ao menos um lado delas

a mania ou a depressão.

por que falo disso aqui e agora?
porque esse cantinho meu,
esse pedacinho daqui sempre tão íntimo,
e por isso verdadeiro,
senti de repente incompleto demais,
justamente por não compartilhar o que
tão importante é e foi
em minha vida particular,
a luta pela vida não é
algo a ser descartado.

por que agora?
porque pela primeira vez,
certo que meses e meses para cá,
sinto-me inteira for the first time
since i was a teenage,
or, i’m not sure,
but maybe just since when a kid.

feliz?
não, é certo que não estou.
ainda. inteira sim,
a infelicidade de uma pessoa
que está aqui presente a todo o momento,
a infelicidade de uma pessoa comum
que está num momento não fácil.

pois muito aconteceu,
e sim, como contei na estóriazinha
da princesa e o cavaleiro,
muito pareceu perdido com
as pessoas que mais amo:
a minha família, toda minha família.

dizem eu estar no inferno astral
acredito um tanto, afinal,
não é a primeira vez que
nessa mesma época estive
tão cheia de pensamentos perturbadores

porém, sentindo o ar de outono,
sinto uma força, a minha,
envolta noutra, da fé e do amor,
percebo uma direção,
vislumbrando assim um pontinho de luz.

cansei do egoísmo,
do desentendimento desnecessário,
da falta de consideração e do real.
como disse antes eu reafirmo aqui,

o que busco agora é o verdadeiro.