A PRINCESA E O CAVALEIRO
A PRINCESA E O CAVALEIRO



"A WOMAN'S LIFE

IN A SINGLE DAY
JUST ONE DAY

AND THEN THAT DAY

HER WHOLE LIFE"
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MY SOUL IS BACK AGAIN, AND SHE SAYS "I'M FINE"

Lembro das vezes em que, folheando edições com fotos daquele bairro de Tóquio cheio de japoneses bizarros, ficava incomodada. Hoje entendo. É que eu já fui uma dessas fotos. Sem perceber, ou talvez sem mesmo querer me dar conta, deixei me transformar numa caricatura, numa imagem que fixava-se na mente das pessoas, como eu queria, mas ficava apenas nisso. Apenas as cores e os excessos, e ainda que em meu rosto estivesse estampado minha intensidade, e que meus olhos não deixassem de mostrar minhas dores, eu era uma foto apenas, a imagem de alguém sem alma. E foi assim que eu quis ser vista, queria deter apenas minha imagem externa nas pessoas, chamar atenção nisso, para que assim nunca enxergassem a minha alma, que não estava mais ali.
E foram longos anos me achando diferente, tão diferente ao ponto de nunca conseguir me encaixar em qualquer lugar, com qualquer pessoa. Havia meu irmão, mas na minha mente ele não era um sinal de “Sim, existem outros!”. Não. Ele era também o diferente e que lidava com isso de outra forma. Então estava só. Durante anos vi, através dessa alma, meu corpo perambular por aí, por vezes quase cortei o cordão entre meu corpo e alma e por vezes, com um cordão já bem fininho, ia me distanciando cada vez mais. Mas o amor da família, a crença deles, e minha fé, conseguiram manter essa delicada linha inquebrável. Ao longo dos anos também tive meus rompantes com a volta da alma, mas ela não conseguia permanecer, não gostava desse corpo, envergonhava-se. Eu vivia como que a me assistindo por um telão, eu era apenas o personagem que não existe, que não é desse mundo real, a atriz interpretando. Então segui esse caminho, o caminho de se achar excluída, e por isso só me relacionar com “os excluídos”, “os diferentes”, “os estranhos no ninho”. Ali eu também não estava completa, mas me sentia melhor. Como meu irmão define algumas pessoas, eu era, por exemplo, do tipo que não poderia sentar ao lado da sua avó. Era diferente demais.
E então veio o click, a luz que me fez entender quem fui e o que fui nesses últimos anos. Mas melhor que isso, entendi todo o processo que passei, e agora posso dizer pela primeira vez que minha alma voltou. Hoje me sinto aceita, porque me aceitei. Hoje finalmente posso estar ao lado da minha família e amigos estando ali com eles e me sentindo parte deles. Hoje sei pertencer, sei que pertenço, e quero distância dos freaks, não amados, excluídos e desalmados. Dizem que fim de ano é tempo de repensar no que se passou, tempo que pensamos mais em nós, no que fomos e no que queremos para o futuro. E foi isso o que fiz nos últimos dias de 2003, quando de férias com a família. Muitas vezes me recolhi para o quarto querendo ficar quietinha para entender o que eram todos esses pensamentos se formando, por vários dias percebi o olhar atento dos meus pais sobre esse meu comportamento, mas eu precisava desses momentos até que entendesse tudo.
Hoje olho para as novas amizades crescendo e gosto de perceber o quanto são reais, são gente, são simples e normais como eu. E penso nas grandes amizades que passaram pelos anos e sinto que pela primeira vez posso estar com eles por inteiro, e que posso estar de volta. Hoje, estando no meio dos amigos da minha irmã, sinto que sou também como eles, estando com as pessoas do Lions, clube ao qual meus pais sempre pertenceram, sou também como eles. Deixei de ser uma estranha, uma freak qualquer, uma caricatura dos cabelos azuis e sempre de rabinhos, das roupas coloridas e do alto da plataforma, para me tornar a mesma, eu em pessoa, inteira, intensa, aquela que passei todo o tempo procurando, aquela cheia de inseguranças, com seus defeitos e medos, com suas qualidades e habilidades, aquela que só não conseguia mais manter sua alma ali. Está bem, confesso que continuo do alto das mesmas plataformas, que não me visto da maneira mais comum, e que meus pensamentos estão longe de seguirem o padrão, mas hoje sei o que é ser única e ser igual, e real. Engraçado que meu irmão não sabia disso, mas hoje sei que nós dois não somos sós, que existem muitos outros tantos únicos e exclusivos, e reais.
Então assim começo meu ano, com meu primeiro post contando que ela está de volta, minha alma. FELIZ 2004.


posted by safiri @Wednesday, January 07, 2004

"se vos falei de coisas terrestres, e não crestes,
como crereis, se vos falar das celestiais?"
joão 3:12


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