revendo velhas anotacoes

com o passar dos anos algumas respostas vao surgindo em minha mente. e quando elas surgem e porque a transicao ja comecou. entao durante um tempo as mesmas palavras vao e voltam, de tempos em tempos acabo me repetindo, eu sei, mas nao se aborrecam, sou eu mesma ainda no movimento passadoXpresente+presente (explico depois).

'lembro ate hoje de uma cena do filme Os Ultimos Dias de Laura Palmer, filme esse que na epoca me deixou muito a desejar; Donna nao era a verdadeira Donna, interpretada por Lara Flynn Boyle, e nesse ritmo, muitos outros dos personagens nao foram tao bem trabalhados e explorados como na serie. mas agora, anos depois sem Twin Peaks, revejo o filme e ele me fascina como sempre fez a historia e sera isso se contentar com pouco? ou se contentar com as lembrancas que restaram em mim, sabe, nao a qualidade exatamente, mas a quantidade do que ficou? David Lynch construiu esse mundinho em mim que revivo todas as vezes a que assisto aos seus bons ou nao-tao-bons trabalhos.

a cena.
Donna e Laura conversavam deitadas esparramadas nos sofas da sala. e quando Donna pergunta: Se voce fosse uma estrela Laura, e caisse no espaco, iria em camera lenta ou cada vez mais rapido? depois de pensar, expressando nos olhos uma breve reflexao sobre si mesma, sua vida, Laura respondeu: Eu cairia bem rapido e cada vez mais rapido, ate que explodiria de vez.

durante anos essa pergunta-e-resposta me perseguiu. e a historia de 'expressando nos olhos uma breve reflexao(...)' talvez nem tenha de fato ocorrido, mas foi o que eu reproduzi vi senti na personagem, foi na verdade o que eu fiz ao me fazer a mesma pergunta.

nas muitas vezes que tentava responder ficava tudo so far away e embacado que nunca consegui me explicar. quando pensava numa resposta eu nao conseguia ser sincera comigo mesma. sempre respondia como uma personagem.

a resposta.
hoje vejo claramente que eu fui essa estrela cadente. e cai tao rapido que explodi. mas a natureza e tao engracada, o Grande Cabecao tao sabio, que nas migalhas em que me parti aconteceu o movimento inverso, e a reaproximacao foi tao grande e tao perfeita que hoje estou de volta ao espaco, andando circulando, uma orbita natural.

deve ser aqui o momento para encaixar a tao falada 'na natureza nada se cria nada se perde tudo se transforma'.

passadoXpresente+presente

o meu presente comecou e dentro dele me movimento como que dando os primeiros passos. o movimento a que me referi e na verdade um caminhar do ponto em que vi meu passado ficar para tras ate ele se instalar por completo em mim.

estou querendo me enganar?

nao. digamos que o presente seja o que e, o dia de hoje. ao acordar e perceber que o ontem acabou, ainda um tanto sonolenta, levanto da cama com esse passado ainda recente aqui. nao estou nele, nao vivo mais nele, mas esta recente, e por isso ainda o demonstro em palavras e atos. e como se eu ainda nao estivesse completamente desperta para o dia de hoje.

entao o movimento do presente para o presente, uma transicao tambem, meu ato de despertar.