A PRINCESA E O CAVALEIRO | ||
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flores roubadas
começa assim, na adolescência, ou vendo sua irmã mais velha, ou pelos próprios amigos. torna-se freqüente à medida em que seus amigos vão tirando carta de motorista e você fica mais ousada, ok, cara de pau. eu comecei... nem lembro. mas ainda não era comum. saíamos em bando quando a noite no interior já não tinha mais o que nos proporcionar, a não ser voltarmos para casa. um carro cheio, às vezes até dois, um seguindo o outro. por vezes decidíamos, "essa noite será a vez de todo mundo, e nem adianta que terá que decidir pela sua". noutras, quando vira hábito, quando é por alguém muito especial, sair em duas é suficiente, podendo acontecer não só de final de semana, mas vários dias seguidos dessa semana. alguns namoros, aqui, começam assim, outros, terminam. os homens também nos proporcionam isso, mas a grande maioria das vezes somos nós, mulheres. então saímos pela cidade atrás dessas flores, e têm que ser roubadas. acontece até de avisarmos amigas, “olha, naquela casa do bairro tal tem várias, e estão lindas”. quando não mais amadoras, nosso porta luvas já anda preparado com tesoura, caneta e papel. é difícil arrancar uma rosa cheia de espinhos no meio da noite, ainda mais roubada. e se a casa tem cachorros, a grade é alta demais, o muro? com os dias estamos cheias de estratégias até para jogar as rosas na entrada da casa do paquera. anos depois é engraçado notar que esse hábito permaneceu entre os jovens da cidade. é bonito. como era gostoso levantar num fim de semana qualquer e saber que havia uma rosa para você na frente de sua casa, ou imaginar em como seu paquera havia encontrado a dele, e o que achou, o que pensou e sentiu. homens, vocês viu? quantas vezes não jogamos essas flores apenas para fazê-los se acharem especiais. sim, a pureza, a inocência. quantas vezes não guardamos aquele sorrisinho secreto quando nos cruzávamos, quando vocês mal suspeitavam que fôssemos nós. às vezes nunca. mas dias, meses, semanas depois assinávamos o bilhete que sempre ia com a rosa roubada. quando havia bilhete. essas coisas dependiam de cada um e do momento, daí já não havia regra, a regra era apenas uma, jogar, algum dia uma garota teria que jogar para alguém. jogávamos também para amigos, ou de sacanagem, risos, ou sim para celebrar a amizade. lembro de amigas de fora que passavam apenas as férias por aqui dizendo da alegria que era poder morar no interior e fazer dessas coisas. têm razão. lembro quando fui para são paulo e reparava nas dificuldades da maioria morar em prédios, ou de encontrarmos pessoas que nem tínhamos idéia de onde moravam e as distâncias e etc etc. e que felicidade foi descobrir que numa outra cidadezinha do interior essas coisas também acontecem. com histórias e dificuldades parecidas, e mesmas alegrias. foi a primeira vez que vi isso se repetir num outro local, e como rimos de tanta coisa em comum. quanto a hoje, conto também que as pessoas adquiriram tantas técnicas para roubar e jogar rosas que conheço gente até com varinha de pescar dentro do carro pra facilitar o processo de roubá-las dos jardins, digamos assim, mais perigosos. nossa, tanta coisa, tanta história, impossível colocar num único post, mas era mais ou menos assim que acontecia, é assim até hoje. (postado especialmente para você, novedecopas) posted by safiri @Wednesday, July 27, 2005
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