AQUELES FORAM DIAS QUE PERTENCERAM MESMO A LUA

Em algum ponto do ano passado comecei a ler Na Pele De Um Leao (de Michael Ondaatje) e como muitos livros, vou levando com calma, pois nem todos termino em horas ou poucos dias. Acredito que os leio devagar justamente por nao estar pronta para absorve-lo. Sabem quando nao e a hora?

Quando a leitura nao flui, eu paro e parto para outros, alguns ate ja iniciados, entao quando volto, meses, ou como ja aconteceu, anos depois, tudo flui deliciosamente. Claro que se o livro for feio, chato e ruim, nem me dou o trabalho.

Por que sei sobre o meu momento? Porque muitas vezes fui ate o fim. E ler somente por ler, sem prazer algum, nao me permite absorver devidamente a historia, eu perdia a beleza e as maravilhas das palavras, e tempos depois se alguem me perguntasse sobre o livro, well, caso eu lembrasse de te-lo lido, porque nao raro acontece de eu esquecer livros, filmes, musica que eu ja tenha lido visto ouvido, entao, caso eu lembrasse, nao lembraria do que se tratou tal livro, ou do titulo, ou autor, ou mesmo se gostei ou nao. Triste nao e? Eu acho.

Hoje, quando deixo chegar o momento, capto toda a essencia da historia e ela fica comigo para todo o sempre.

Mas Na Pele de Um Leao eu ja sabia desde o principio que iria gostar. Ja contei aqui que li O Paciente Ingles de Michael Ondaatje e, por tanto ter gostado do seu trabalho, ja sabia que leria suas outras obras, alias, ja tenho em mente qual vira a seguir, pois e, como e bom ter uma amiga chique por perto que tem um montao do Ondaatje.

Ouvi isso esses dias e concordo, o cara e um monstro. O monstro das narrativas. Nesse ultimo ele vai dispondo os diversos personagens que eu sabia ao longo da historia se encontrariam, ate tudo ser costurado e melhor ainda compreendido. Mas o que eu nao sabia e que ele sempre viria a me surpreender, pequeninas surpresas, simples, tranquilas, mas surpresas.

E a poesia que ele coloca em cada palavra? O titulo desse post, por exemplo, e de um trecho do livro. Que capacidade de construir, de descrever, de criar com o simples e o belo. E a maneira como lida com cada personagem e com a vida deles? Sao todas historias humanas e cheias de coracao.

Uma curiosidade e que aqui ja nos e apresentado alguns personagens de O Paciente Ingles, Hana por exemplo, que aparece desde crianca.