Hans Castorp

Sinto algumas identificações com o personagem do romance A Montanha Mágica, de Thomas Mann, mas vou falar de apenas uma. Como minha mãe percebeu estou “surubim” hoje. E é assim que fico às vésperas de ir embora, pouco antes de sair de São Paulo, pouco antes de sair daqui do interior, ou de qualquer outro lugar em que eu passe ao menos um final de semana. Como Hans Castorp fala também percebo o tempo que se passa num lugar, por mais que eu esteja acostumada e familiarizada com tal lugar é sempre assim, muda-se apenas a velocidade do processo. Existe o tempo de familiarização com o lugar em que você chegou e só então sinto que começo a descansar. Dependendo do tempo que fico numa cidade nem esse tempo de familiaridade e/ou descanso se completa. E às vésperas de ir embora vem a pequena ansiedade de ir, e chegar noutro lugar e começar tudo again. Pois bem, daqui dois dias estarei em São Paulo novamente e até lá, até acontecer a familiaridade com o local e eu finalmente conseguir “descansar” desses sentimentos, vai passar alguns dias. Pior é quando algo fora dos seus planos acontece, que haverá mais atividade nos primeiros dias, algo fora do seu schedule, portanto seu tempo de familiaridade com sua própria casa vai levar ainda mais tempo. Que sensação ruim. Que coisa estranha para se pensar. Falta do que fazer? Pior! É não conseguir deixar de pensar em tudo e cada passo que você mesmo dá, independentemente de estar ou não fazendo diversas coisas. É perceber a tamanha importância dada ao tempo e assim perceber cada segundo que se segue e se seguirá. E é só o começo desses pensamentos, tudo um tanto fresco até que eu entenda de fato onde isso tem me levado.

Sobre o livro, estou gostando e pretendo chegar até o fim, mas devo confessar que Marcel Proust é imensamente superior na escrita, em todos os sentidos.