outro começopara minha irmã caçula sempre foi natural a família em primeiro lugar. gostaria de dizer que fui assim, teria sido menos difícil, afinal, é escolher aqueles que nos amam.
estive muitas vezes distante de todos, não por deixar de amá-los, mas por me amar menos, por achar que tinha que ser somente eu-comigo-mesma, pelos altos e baixos que me levaram e deixei que me levassem, por inocentemente achar que família é e não precisa ser alimentada e buscada o tempo todo.
começo do ano tive que escolher entre dois caminhos difíceis na época e que seguiriam rumos diferentes, transformando-me numa pessoa diferente, tinha certeza. era escolher entre a vida sem esta minha família ou com esta família. meus sentimentos eram tantos e tristes e perturbadores que cheguei nesse extremo, quase deixei o país no receio de nunca mais voltar. tinha onde morar, possibilidade de trabalhar e passagem garantida. fugiria de tudo, mas ainda não era essa minha impressão daquele momento.
paralelo a isso uma estreita janela se abriu e ao retornar para a cidade onde nasci teria a chance de uma reconciliação, demorada, longa, difícil e que não sabia se alcançaria. ninguém interferiu nessa decisão, apenas tentei ouvir o que dizia aqui dentro de mim, e segui. voltei para casa.
passaram-se meses, acontecimentos diversos, vitórias e a reconciliação. não nessa ordem, não em velocidade, nem me dei conta como foi, mas em pouco tempo já senti que havia sido o melhor caminho, por difícil que tenha sido retornar.
fim de ano, família reunida, familiares que encontro uma vez ao ano, poucos dias e noto que pela primeira vez desde muitos anos, desde a infância talvez, estive presente, inteira e feliz onde queria estar. nunca perdi um natal ou ano novo com a família, mas essa foi minha primeira vez presente de corpo e alma. não foi algo pensado, aconteceu naturalmente, mas sei que todos notaram, primos, esposas, pai e mãe.
as escolhas do coração são as mais certas, adolescente já ouvia isso, fáceis ou doloridas serão dessas que nunca nos arrependeremos, pois sempre terão a ensinar, acrescentar, e quem sabe, alegrar.
terminou o ano e só nos seus últimos dias percebi o que 2005 me foi, o ano que escolhi minha família. é pela primeira vez que sinto como minha irmã, minha família em primeiro lugar. não me orgulho dessa história, menos ainda de dizer que tudo aconteceu somente agora, mas me orgulho de dizer, hoje, essa é minha escolha, família.
obrigada a todos os que me apoiaram ano que passou, obrigada pelos encontros, pelos abraços, pelos emails, presentes, palavras de força de todos os lugares, doces, tortas, cafés, recepções na rodoviária.
obrigada a vocês garotas, minha amigas, por tamanho carinho aqui no apartamento e no interior, a todo o momento.
obrigada à minha amiga do outro lado do mundo.
obrigada aos meus irmãos, os melhores sempre.
e obrigada a vocês dois meus pais, outra vez, pelo que sou hoje.
minhas boas vindas a 2006.